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segunda-feira, 11 de julho de 2011

Triste Bahia, POBRE PAULO AFONSO





Triste Bahia, POBRE PAULO AFONSO

Por: Cecílio Almeida Matos

É com dó pobre cidade, que vejo-te afundar num buraco

Sem piedade.

Destes Homens, sós, lavam-te as nádegas,imundas

Mãos de bosta!

Dos teus filhos miseráveis, sóis coitados,

Alegam os políticos que são vós os intoleráveis

Filhos mansos de paz e guerra

Cuja sorte de fome leva

E em tua terra descreve a morte lerda

Dos acadêmicos mortais quedados em terra

Dou-lhes, então o presente corno, dito por não menos

Em coro o poeta.

Que Seja este o verbo e sonoro canto

Da poesia dele escrita aos prantos, eis que vos apresento

Paulo Afonso, escrita em versos ao poeta

Gregório e dela, amizade, nasce a

*A Cidade da Bahia!

Ó quão dessemelhante

Estás e estou do nosso antigo estado,

Pobre te vê a ti, tu a mi empenhado,

Rica te vi eu já, tu a mi abundante.

A ti trocou-te a máquina mercante,

que em tua larga barra tem entrado,

A mim foi-me trocando e tem trocado,

Tanto negócio e tanto negociante.

Deste em dar tanto açúcar excelente

Pelas drogas inúteis, que abelhuda

Simples aceitas do sagaz Brichote.

Oh! se quisera Deus que de repente

Um dia amanheceras tão sisuda

que fora de algodão o teu capote!

A BAHIA

Tristes sucessos, casos lastimosos,

Desgraças nunca vistas, nem faladas.

São, ó Bahia, vésperas choradas

De outros que estão por vir estranhos

Sentimo-nos confusos e teimosos

Pois não damos remédios as já passadas,

Nem prevemos tampouco as esperadas

Como que estamos delas desejosos.

Levou-me o dinheiro, a má fortuna,

Ficamos sem tostão, real nem branca,

macutas, correão, nevelão, molhos:

Ninguém vê, ninguém fala, nem impugna,

E é que quem o dinheiro nos arranca,

Nos arrancam as mãos, a língua, os olhos.

· Gregório de Matos

· Gregório de Matos (1623 - 1696)

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