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segunda-feira, 12 de maio de 2014

JORNALISTA ARTHUR ANDRADE E A CRÔNICA DA LOUCURA PELA FOME E UM CAPS NO FIM DO MUNDO

EM REDE SOCIAL, MAIS UMA VEZ ARTHUR ANDRADE DEMONSTRA A INSANIDADE DE QUEM DENUNCIA QUEM BUSCA AJUDAR COM RECURSOS QUE NÃO TEM !


"A fome enlouquece"
Três personagens do Ministério Público Estadual desembarcaram num tórrido e miserável município baiano da região do polígono das secas. 
O motorista estacionou o carro preto na porta do Caps - Centro de Atenção Psicossocial. 
Os três entraram como donos do mundo. 
Foram investigar denúncias sobre má gestão do órgão e algumas "loucuras".

A psicóloga de plantão os recebeu. Pediram água. "Não temos". 
Pediram um lugar menos quente pra conversar. "Não temos. Não temos nem ventiladores".
Calor infernal. Tiraram os paletós. 
Um paciente passou gritando, cruzou a porta e disparou na rua. Os três olharam pra psicóloga. "Ele volta. Aqui ainda tem comida". 
A comida do Caps? Remédios!
Pacientes se alimentam de remédios.

Parece roteiro de filme. Não é. Ou melhor, é. Isso é um filme, tem que ser um filme. 
Como aqueles cenários do Kenya, do Sudão, do Congo, tão distantes que parecem de mentira.

A fome enlouquece.
Quando um paciente miserável fala de visões do além, dos desejos de matar a própria mãe e da raiva imensa do vizinho, esse paciente tem fome. Fome de tudo.
A psiquiatria diz que tem esquizofrenia.
Antes a psicologia tenta ajustar aquela mente em convulsões de fantasmas reais. Freud, Lacan, Jung, Sai Baba, Ramatis... Jesus, o que será desse povo??
O Brasil acabou com as instituições psiquiátricas, a partir de 2001. Cerca de 17 mil leitos foram fechados desde então.
A Bahia ainda tem mil leitos, diz a Sesab. Em Salvador, são 400, um número ridículo. 
Como somos quase 40 milhões de habitantes no estado, a média é de um leito para 14 mil pessoas. A OMS recomenda um leito para mil.

Na teoria, os leitos deveriam ser substituídos pelos Caps - atendimento diário, sem necessidade de internação.
Nada! Os centros não funcionam por falta de tudo, inclusive de juízo.

No Brasil apenas 11 estados contam com unidades do tipo 3, atendimento de urgência. 
Em Salvador há apenas um Caps 3, em Pirajá. Um horror!
Foi criado em 2010 para funcionar 24 horas. Passou a funcionar só pela manhã. 
Cansou de ser arrombado por outros famintos. Foi obrigado a parar no resto do dia.

E lá naquele tórrido e árido município do semiárido, o Caps às vezes funcionava pelas orações e magias de um psicólogo xamã. 
Fazia rituais em círculos, cantava e gesticulava como outro louco. Os pacientes amavam e se aquietavam.
Essa teria sido a reclamação que chegou ao MP.
Alguns evangélicos... ah os evangélicos!!!
Os três homens de preto lavaram as mãos, recolocaram os paletós e deixaram a história continuar... 
Exatamente como aquelas dos filmes sobre Kenya, Sudão, Congo que nos parecem tão distantes....

Arth,

Arthur Andrade é jornalista, compositor e músico.

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