PORQUE A DROGA QUE DESOBSTRUÍ ARTÉRIAS NÃO É LIBERADA?
O Brasil descobriu a melhor e talvez única droga capaz de desobstruir as artérias do coração; no entanto a mesma não entra no mercado porque o tratamento acabaria com a indústria do coração no Brasil inclusive com poderosos laboratórios que hoje vendem bilhões em medicamentos para o coração.
um novo
medicamento capaz de tratar definitivamente portadores de
aterosclerose. Pesquisadores do Laboratório de Fisiologia Celular da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) conseguiram
desenvolver um composto que poderá servir de base para tratamento e até
prevenção da doença, sem a necessidade de procedimentos cirúrgicos ou
intervencionistas e sem os efeitos colaterais ocasionados por drogas
utilizadas atualmente.
A
descoberta da formulação foi feita pela equipe coordenada por Paulo Ivo
Homem de Bittencourt Júnior, que obteve sucesso em testes administrados
por injeção em camundongos geneticamente modificados. Pacientes estão
sendo cadastrados para as primeiras aplicações em humanos, mas para
isso, ainda serão necessários mais cinco anos. Dentro do protocolo
científico, ainda é necessário que sejam realizados antes disso
experimentos com mais duas espécies de mamíferos.
Provocada por diversos fatores, a aterosclerose é uma
doença de caráter inflamatório que se caracteriza pelo entupimento das
artérias coronárias. A obstrução do sangue normalmente é causada pelo
acúmulo de gordura nas paredes dos vasos, o que leva ao espessamento
destes. Como conseqüência, o portador do quadro clínico pode sofrer
danos como isquemia cerebral e infarto do miocárdio.
Para a desobstrução das artérias, os tratamentos vão da
inserção de cateteres com balonetes, que varrem o interior dos vasos e
dilatam as paredes para permitir a circulação sanguínea, até a ingestão
de antioxidantes e vitaminas, que freiam a formação das placas de
gordura. Além do desconforto, o problema do uso de balonetes é que eles
não impedem que o problema volte a acontecer. No caso dos antioxidantes,
as placas gordurosas formadas antes do início do tratamento não são
dissolvidas.
A nova
promessa para a luta contra a aterosclerose surgiu em 1987, quando
Bittencourt Júnior estudou as prostaglandinas em seu doutorado em
Fisiologia na Universidade de São Paulo. De lá pra cá, conseguiu
aperfeiçoar a composição da droga nos laboratórios da UFRGS.
Com estruturas semelhantes às das gorduras, as
prostaglandinas são moléculas de ácido graxo que desempenham funções
distintas em diferentes partes do corpo, como o controle da pressão
arterial e a sensação de dor. Após verificar que as prostaglandinas
ciclopentenônicas (CP-PGs, sigla em inglês) têm ação antiinflamatória e
de inibição do surgimento de ateromas, o pesquisador percebeu que esta
solução para a aterosclerose teria graves efeitos colaterais, comuns em
tratamentos como a quimioterapia, ou seja, queda de cabelo, problemas
intestinais e mal-estar geral. A solução encontrada foi isolar as
moléculas de CP-PGs em lipossomos, cápsulas de gordura, impedindo que a
substância circulasse diretamente no sangue.
Como apenas as células doentes das paredes dos vasos
apresentam moléculas de adesão vascular, Bittencourt Júnior teve a idéia
de agregar à formulação desenvolvida uma proteína que se encaixa
perfeitamente nessas moléculas. Assim, as prostaglandinas envolvidas por
lipossomos circulam normalmente pelas artérias e sua liberação acontece
somente no interior das células danificadas.
Com base na formulação injetável, já patenteada, os
pesquisadores da UFRGS desenvolvem agora uma nova forma de aplicação,
que chamam de LipoCardium Plus. No sentido de facilitar o uso contínuo
do produto, a nova versão vai se apresentar na forma de um dispositivo
subcutâneo, que terá os mesmos efeitos da injeção e funcionará como os
aparelhos de liberação lenta de hormônios.
O tratamento com qualquer forma do medicamento será, na
prática, definitivo. “Após o uso do LipoCardium, acreditamos que a
doença demoraria mais tempo do que a expectativa de vida do paciente
para voltar a se manifestar”.
Outra vantagem do LipoCardium Plus é o custo final para o
paciente, que não ultrapassará os R$ 2 mil, valor gasto pelos
pesquisadores na confecção artesanal do composto. Em escala industrial, o
preço cairá muito, mas mesmo considerando-se o valor gasto na UFRGS, a
terapia sai bem mais em conta do que intervenções hospitalares como
cateteres com balonetes, que não são feitas por menos de R$ 5 mil e têm
efeito de curto prazo.
A
confirmação da previsão de mais cinco anos para o lançamento da droga
vai depender do convênio que deve ser firmado com algum laboratório
farmacêutico nos próximos meses. “Já temos oito empresas interessadas em
produzir o LipoCardium”, conta Bittencourt Júnior. “Mesmo que o
laboratório não possua as máquinas necessárias para a produção do
composto, não será necessário mais do que R$ 10 milhões”, afirma.
O gasto não demoraria a ser compensado, afinal não faltam
consumidores em potencial. Segundo dados da Organização Mundial de
Saúde, cerca de 30% de todas as mortes registradas no mundo estão
ligadas a doenças cardiovasculares resultantes da aterosclerose. No
Brasil, 1,15 milhão das internações que acontecem todo ano, gerando um
custo próximo dos R$ 475 milhões, e 40% das aposentadorias precoces
estão relacionadas às doenças cardiovasculares.
Mais informações sobre a aterosclerose e o desenvolvimento do LipoCardium podem ser obtidas no site do Laboratório de Fisiologia Celular da UFRGS
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fonte: Internet
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