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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Em Paulo Afonso, o chicote dói no lombo


Em Paulo Afonso, o chicote dói no lombo

Enviado por Redação Chico Sabe Tudo em 29 de setembro de 2011 na categoria Artigos. Você pode seguir essa notícia por meio do RSS 2.0. Você pode deixar um comentário para esta notícia
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Lendo atentamente as denuncias sobre as operadoras de caixa nos supermercados de Paulo Afonso e indignado, é que nos damos conta da consciência empresarial da maioria da classe de empresários que temos na cidade.
A cidade, que insiste em estar parada no tempo e no espaço, onde as pessoas têm medo até de “peidar”, trata o povo humilde no chicote. Quem gritar, denunciar, botar a boca no trombone é intimidado, corre o risco de ir para o “tronco” tomar 150 “chibatadas”!
As operadoras de caixa tem justamente sofrido no lombo o que é cultura na cidade, a de não respeitar os direitos trabalhistas dos empregados. São pouquíssimas as empresas na cidade que se preocupam em atender as necessidades básicas do trabalhador com os incentivos a vantagens trabalhistas, tais como hora extra, auxilio alimentação, vale transporte, plano de saúde e odontológico e etc.

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Para muitos empresários, o empregado não passa de um simples lixo, peça fácil de ser trocada e ainda desafiam: “vá da queixa na justiça”, como se tivessem certeza da impunidade judiciária trabalhista.
Pior, criam uma espécie de lista negra, que inviabiliza a contratação por outras empresas daquele que se rebelou ao reclamar seu direitos.
A cultura empresarial local ainda é do tempo do “feitor” com chicote nas mãos, rodopiando no ar, enquanto uma musiqueta de fundo, tema da novela “escrava Isaura”, cujo refrão é inesquecível: “…vida de negro é difícil, é difícil como que…” é tocada e sufoca a luta e reclamação dos direitos mais elementares dos trabalhadores locais.
Meu cunhado, vejam bem, trabalhou numa empresa, cujos donos se dizem religiosos, e somente após 3 meses trabalhando literalmente como escravo, foram assinar a carteira do rapaz, para logo em seguida, após dois meses, demiti-lo, sob a alegação de corte.
Temos ainda o artifício muito utilizado em Paulo Afonso, que é o argumento do roubo, tudo é alegação que o pobre coitado e chicoteado do empregado se vê acuado, roubou… roubou… A justificativa perfeita para silenciar o já humilhado trabalhador e para que ele saia de mãos e bolsos vazios e boquinha fechada (a chamada boca de siri).

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Talvez seja por isso que fica cada vez mais difícil encontrar mão de obra disponível na cidade. Não tem e nem existe trabalhador mais burro hoje em dia, a maioria sabe quais são seus direitos e não está disposta a se sujeitar a tanta escravidão.
Os que ficaram é porque se acostumaram e engrossaram o lombo para receberem as chibatadas; fora isso, precisa sustentar suas famílias. Tem que comer calado, humilhado, cabisbaixo!
Paulo Afonso além de ser uma verdadeira ficção, objeto de estudos profundos, é implacável com seus munícipes.
Cecílio é graduado em Analista de RH, pós graduando em Direito Processual civil e mestrando em mediação e arbitragem. (muito embora esses títulos pomposos não subtraiam a capacidade de indignação de um cidadão)
Da Redação ChicoSabeTudo
Por Cecílio Almeida Matos/cecilioalmeidamatos@gmail.com

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